isso é um pedido de ajuda

colocado em palavras incertas.
que talvez não solucionem nenhuma das minhas necessidades de ajuda.
se você me considera sua amiga, leia.
se você se considera meu amigo[a], leia.
se você é apenas uma pessoa curiosa, leia.
tanto faz quem ler, o que importa é que eu preciso escrever e preciso me sentir melhor.
minha mãe faleceu no dia 6 de junho deste ano de 2010, e desde então estou tendo muita tristeza e momentos difíceis, mas estou me entregando mais para a vida e para meus desejos.
eu não conheço meu pai, tenho idéia de quem seja, mas minha mãe sempre foi muito confusa, assim como minha família inteira, e eles nunca me contaram uma história por completo, ou sem omitir algumas coisas, pelo menos é isso que vejo e é isso que eu sei.
hoje eu fiquei com vontade de ir nadar, e as nuvens escuras de chuva estavam vindo, e mesmo assim, eu fui.
passei na casa do Gui Kazu e ele não estava [ele nunca diz "não" para um convite de passeio de bike].
resolvi, ao invés de seguir pela rua do Gui, ir por outra rua, e vi meu padrasto, que até hoje eu não sei o que aconteceu, pois minha mãe se separou dele, e 15 dias depois ela se foi, e nesses 15 dias eu só passei um final de semana em casa por causa da faculdade que eu cursava em são paulo, e falei pouco com ela, pois ela estava muito fraca e dormia quase o tempo todo, ela escreveu algumas cartas para mim que serão guardadas em meu coração e em minha memória [além da minha caixinha de lembranças].
meus avós são estranhos, minha tia é estranha e tudo mais, e eu não sei se eu vou saber ao certo um dia, o que REALMENTE aconteceu.
mas hoje eu o vi, e eu dei a volta e parei a bike, o abracei.
hoje ele é carrinheiro, mora na rua, trabalha com sucatas, não tem onde tomar banho, não tem onde comer, está com HIV e tuberculose e a vida dele, depois da minha mãe ter ido embora, parece que acabou.
choramos juntos hoje, choramos tanto, eu queria poder abraçá-lo, mas tive medo.
ele me disse coisas que minha família nunca falou.
e ele me disse, que hoje só sobrevive, pois tudo o que ele era morreu quando ouviu no domingo, 06.06.2010 minha mãe chamar seu nome por volta das 4 da tarde, quando eu estava em são paulo, parei e comecei a chorar sem motivo algum. nós dois sentimos sua ida... sentimos ela indo embora.
nenhum de nós dois conseguimos superar esta perda.
depois de conversar com ele, eu subi na bike e passei pela casa do meu amigo Igor, mas a vergonha do choro maluco que eu estava tendo me impediu de parar, tudo o que eu precisava era um abraço.
segui até o guaiúba com todas as minhas forças, e comecei a pedalar o mais rápido possível, e a chorar até chegar na areia de bike, pedalar até o meio da praia, que estava vazia, totalmente vazia, até os bombeiros não estavam lá, era minha a praia; tirei meu tênis, minha blusa, shorts e de bikini entrei no mar manso, até ele me fazer flutuar, e lá fiquei, olhando para esse mundo, sem respostas, sem perguntas, sem nada.
me senti sobrevivendo também.
eu lá, como mais uma gota de água no oceano da vida.
o choro não passou.
me senti incampaz.
senti tantas coisas, só queria ser amada de novo por ela.
raios começaram a atingir o horizonte e eu saí e deitei na areia, a chuva tocou meu corpo e passou pelos meu lábios, começou a ficar forte demais.
andei até o balancê e fiquei lá, com a tempestade na minha face e dentro de mim.
o mundo era eu ali.

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